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Reféns de nós mesmos

Em meados dos anos 1990, o Brasil passou a privatizar serviços essenciais para a população como distribuição de energia elétrica, serviços de telefonia e internet, distribuição de água, a administração de rodovias, entre outros. Com a alegação que os serviços iriam melhorar e os valores cobrados por eles cair e ficar mais acessíveis, tudo foi vendido e, em alguns casos, entregue de graça, como o serviço de água em Limeira.
Passados quase 30 anos destas concessões, o que vemos são serviços de qualidade questionável e valores que estão longe daquela promessa de mais acessíveis. Para não fugir de nossa Limeira, podemos usar como exemplos três destes serviços – o do tratamento de água e esgoto, realizado pela BRK Ambiental; o de distribuição de energia elétrica, feito pela Neoenergia Elektro; e o de telefonia e internet, de responsabilidade da Vivo (outrora chamada de Telefônica).
A água de Limeira – serviço realizado pelo SAAE antes da privatização –, que já foi considerada a melhor do Brasil, hoje já não ocupa essa posição e o serviço é alvo constante da reclamação de usuários, seja pela falta de água ou pela qualidade dela.
A distribuição de energia elétrica, feita em Limeira pela Neoenergia Elektro, também deixa muito a desejar. Basta um vento um pouco mais forte para que pontos da cidade fiquem sem energia. Se tivermos chuva e vento, aí o negócio piora. Antes, esse serviço era realizado pela Cesp (Companhia Energética de São Paulo).
Na telefonia e internet – o único dos serviços privatizados e citados onde temos mais uma opção – a Vivo/Telefônica, antes a estatal Telesp, também nos oferece um serviço caro e bem diferente do ofertado pela mesma empresa em seu país de origem, a Espanha. O pós-venda ou suporte técnico é alvo constante de reclamações. Uma pesquisa rápida no site do Procon de São Paulo comprova isso.
O que essas três empresas têm em comum? Todas são estrangeiras, lucram muito no Brasil e são alvo de reclamações constantes dos usuários.
A população, que clama pelas privatizações, em grande parte estimulada por terceiros ou por questões ideológicas, é a mesma que sofre, questiona e cobra pelos serviços deficitários destas empresas privadas.
Enquanto países da Europa e Ásia estão em processo ou já concluíram a reestatização de alguns destes serviços – como a distribuição de água ou energia elétrica – o Brasil vai na contramão e pensa em privatizar ainda mais serviços essenciais. Pior é que as concessões são malfeitas e tais empresas quase nunca são cobradas de forma eficaz pelas agências fiscalizadoras.
Se você já sofreu com algum destes serviços, saiba que nós, do Programa Cidadania em Ação, também já fomos vítimas. Ou seja, no fundo, somos todos reféns de nossa própria cobrança pelas privatizações.